Revolucionar

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sexta-feira, 25 de junho de 2010



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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Suspiros lusitanos.

Se um suspiro, leve e lusitano
Zumbir nas almas das nações imensas
É o comunista que para além das crenças
Silenciosamente da vida física se dispensa.

Vai pessoalmente viver a eternidade
E olhar de perto na tez do criador
Que pelas criaturas foi subjugado
E obrigado a justificar o horror.

Irá verificar que as guerras entre os deuses não existem
Pois são apenas conflitos da existência
Que os homens criam e põe-se a conflitar
Pedindo a Deus que tome providências.

E faça sempre o mais forte vitorioso
Abençoado pelas cruéis vitórias
Para deixar nos livros registrados
Os escritos que reflitam a superior memória.

Tudo o que disse são sobre os seus dilemas
Ficam como dizeres formulados
Se não dava nem acreditava em conselhos
É porque queria vê-los por conta experimentados.

Os próprios passos seriam os conselheiros
E os conselheiros caminhantes e aprendizes;
Se os erros deveriam ser experiênciados
Com os acertos formariam matrizes.

Era a crença de um apaixonado
Que a si mesmo o saber se concedeu
Porque acima de todas as verdades
Acreditava que não existe o absoluto ateu.

Por sobre as oliveiras e as corticeiras
Versos e letras irradiarão verdades
A qualquer tempo virarão consciências
E viverás nos povos em forma de saudades.

Assim abrimos o tempo enlutado
Para purgar a dor do prejuízo humano
Se no passado choramos escravizados
Hoje, nossos suspiros também são lusitanos

Por Ademar Bogo
Da coordenação nacional do MST

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Transporte "público" em Florianópolis: relato da manifestação (02/06)

No presente momento Florianópolis caminha pelos nebulosos labirintos do fascismo. Nossa frágil democracia mostra sua face totalitária e sanguinária. Em Florianópolis, vive-se num Estado de sítio em que a polícia, honrando o nome de seu líder Floriano, decide quem passa ou não passa. Todos são suspeitos até que se prove o contrário – e como é difícil provar!

Na manifestação da noite de hoje (02/06) a polícia compareceu determinada a liquidar (em todos os sentidos) o movimento social que se constrói em torno da situação do transporte “público” em Florianópolis. Dezenas de viaturas, cães famintos e policiais fortemente armados cercaram os manifestantes em frente ao Terminal Central (TICEN) impedindo qualquer movimentação. A polícia nos manteve numa espécie de cárcere público e mesmo a população que passava nos arredores sentia-se constrangida e temerosa com a operação de guerra montada para conter os perigosos “arruaceiros”.

A polícia filma a manifestação, fotografa e intimida os manifestantes, infiltra-se na multidão, persegue os “suspeitos”, etc. Recolhem um material para montar um detalhado dossiê que alimenta com informações os generais de dez estrelas que ficam atrás da mesa...

Apesar de tamanha mobilização policial, os atos espontâneos dos manifestantes ainda os surpreendem. Facilmente “olés” e cirandas são montadas e desnorteiam a repressão. A “ordem” só é mesmo mantida na base do choque. As armas de choque utilizadas pela polícia vêm sendo chamadas de “paus de arara portáteis”. Alegando ser o choque uma arma não letal a polícia utiliza-o indiscriminadamente e sem pudor. A tortura está legitimada em pleno centro da cidade.

Pau de arara nos remete aos tempos de ditadura civil-burguês-militar, os anos de chumbo. Um passado muito presente que se reproduz facilmente entre nós.

Estão todos juntos nessa empreitada em busca da manutenção da “ordem” e do “direito de ir e vir”. (i) A imprensa golpista que quer transformar o terminal numa passarela; (ii) os empresários do transporte e seus pares; (iii) o ministério “público”; (iv) a polícia; (v) os “representantes do povo” que parasitam o Estado; (vi) a igreja que silencia e cala os fiéis; e infelizmente (vii) os sindicatos e trabalhadores. Estes últimos são incapazes de escrever uma moção de apoio, fazer uma paralização para fortalecer o movimento e muito menos uma greve de solidariedade.

Não obstante todos os obstáculos fascistas que se erguem e revelam o rosto mais cruel de nossa democracia totalitária, a manifestação e os/as manifestantes seguem bravamente por quatro semanas nas ruas de Florianópolis em busca de uma vida sem catracas. E não desistiremos!

Na manifestação de hoje choveu. Mas enquanto chovia e os policiais distribuíam capas de chuva entre si, os bravos manifestantes seguiam de pé e cantavam “você vai pagar e é dobrado cada lágrima rolada nesse meu penar. Apesar de você amanhã há de ser outro dia”. Entoavam a uma só voz: “abaixo a repressão, ditadura não”. Apesar de não parecer, a repressão nos une ainda mais e encurrala a cada dia os fascistas.

Muitos companheiros(as) faltaram no Ato de hoje e isso não pode acontecer. Neste momento não há lugar mais importante para estar do que nas ruas. Tirem os pijamas e desliguem as TVs. Todos nós temos que participar e divulgar o que vem acontecendo. Não podemos recuar.

A absurda mobilização policial só revela o medo que toma conta da elite cretina dessa cidade. A organização popular põe a elite em constante estado de ameaça – a ameaça de que o povo tome o poder.

Vale a pena repetir: Que as classes dominantes tremam diante de tal ameaça! Nada temos a perder a não ser nossos grilhões!



Se vives nas sombras, freqüentas porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de dobermann

(Hino de Duran – Ópera do Malandro – Chico Buarque).



Gustavo Pinto de Araújo.