Revolucionar

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domingo, 3 de janeiro de 2016

---ESTUDANTE REVOLUCIONÁRIA 2015 - LUCIANA FREITAS - MULHER NEGRA REVOLUCIONÁRIA

FOTO -  Rafael Rodrigues
Em 2008 como em todo começo de ano, no primeiro dia de aula, faço uma conversa com todos os estudantes, é um momento de nos apresentarmos e nos conhecermos, para dar início a mais um percurso formativo com o ensino de Geografia, Atualidades, Interpretação da Realidade Brasileira e Mundial. São muitas história de trabalhadores estudantes com seus sonhos, e dentro os vários, o de entrar na universidade. Ser o primeiro da família a romper com a exclusão de poder cursar o ensino universitário, no curso que deseja atuar na vida.
            Dentro os vários trabalhadores estudantes que se apresentaram nas 16 turmas do Pré Vestibular Comunitário no ano de 2008, estava uma trabalhadora, mulher, negra, no núcleo da escola Celso Ramos. Sentada no fundão, nas últimas carteiras, levantou a mão e começou a se apresentar, e ao se apresentar falou da sua decisão de pedir demissão do seu trabalho e se dedicar aos estudos. Não pude deixar de dar um HUHUUUUU, quanta coragem nesta decisão de mudar os caminhos da vida. Uma sábia escolha. A educação transformadora só acontece quanto os trabalhadores estudantes estão dispostos a LUTAR.  
            Foram longos quatro anos de pré-vestibular, três deles no PVC do Celso Ramos, até conseguir romper a barreira da exclusão e poder entrar na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, e cursar ciências sociais noturno. Já no primeiro ano de PVC, a Luciana Freitas se mostrou interessada em partir para a prática transformadora, em querer mudar a realidade do seu território, na rua José Boiteux, no Morro da Cruz, localizada no centro de Florianópolis. Assim escreveu a trabalhadora estudante Luciana em 29 de junho de 2008 “sabe aquele lançe de liderança comunitária,estava afim de saber como funciona.porque acho q eu tenho muito a somar, várias idéais passarm em minha cabeça, mais primeiro tenho q estudar mais sobre o assunto, ou melhor ficar mais preparada para poder avaliar como eu posso contribuir para com a minha comunidade. tentar mudar a visão das pessoas, o q vc acha?eu tenho zilhões de idéias mais as vezes falta coragem,eu não sei como começar.bom fim de domingo áté amanhã!” (comentário no Blog REVOLUCIONAR)
            Os anos foram passando, e as experiências foram se somando, como monitoria do Projeto de Educação Comunitária Integrar, como coordenadora da Gestão Estudantil Universitária Integrar – GESTUS, na qual foi à responsável de articular os estudantes para se organizar e de forma compartilhada resistir para permanecer dentro da universidade, que apesar de ser pública, necessita de muitos recursos para poder caminhar o longo caminho até a formatura. Mas recentemente, militando no 4P – Poder Para o Povo Preto, no MNU/SC – Movimento Negro Unificado de Santa Catarina, como educadora popular de ciências sociais no Projeto Integrar e nos Territórios do Maciço do Morro da Cruz.
            Gostaria de parabenizar por sua luta, pois estás inspirando muitas mulheres negras a levantar a cabeça e somar na luta, na resistência contra as injustiças sociais, na luta contra o racismo, contra a exclusão dos seus. Juntos, podemos resistir e avançar em projetos revolucionários que transformarão a realidade social daqueles sempre excluídos e marginalizados. Sua luta é coletiva, estamos com você.
            Como educador popular, que acredito na educação como uma ferramenta de luta das classes excluídas para a transformação social, sinto uma felicidade de poder fazer parte desta história que está sendo escrita, de poder compartilhar ideias, de podermos no debate discordarmos das estratégias, mas nunca do objetivo final, onde não haja nem exploradores nem explorados.
VIVA NOSSA LUTA,
VIVA ZUMBI

VIVA LUCIANA FREITAS.