Revolucionar

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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O Brasil das FoRTUNAS bancárias!

O lucro dos bancos é um escárnio
08.08.2007 02h09
Pra não ir muito depressa: lucro é quando você subtrai o faturamento das despesas. É o que sobra depois de pagar as contas. Pois é. Ocorre que os jornais divulgaram ontem, sem o menor vestígio de indignação, que o lucro dos dois maiores bancos privados que operam no país superaram R$ 8 bilhões só no primeiro semestre, sendo este valor 28% maior em relação ao mesmo período do ano passado.

Meu caro amigo, prezada amiga, você já parou para pensar no absurdo que isso representa num país que tem metade de sua população desempregada ou subempregada? Num país onde o salário mínimo é de R$ 380,00 e o mínimo para sobreviver com dignidade, segundo o IBGE, são R$ 1.500,00 mensais? Você sabe que centenas de bancários estão sendo demitidos ou pressionados - muitos sofrem assédio moral dos gerentes, uma política utilizada como filosofia de gestão por essas corporações financeiras? Que o assédio moral é uma das maneiras mais perversas da exploração do ser humano, e que pode levá-lo a contrair doenças físicas e psicológicas irrecuperáveis?

É o caso de Viviane da Silva Barros que, segundo o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, vem sendo perseguida pela gerente-geral da agência Nova América do Bradesco, Maria Elizabeth Gonçalves Barbosa. Viviane foi reintegrada judicialmente e transferida contra sua vontade. De acordo com a reportagem do sindicato, a bancária até hoje não recebeu seu vale-transporte e foi proibida de utilizar o horário de trabalho para se inteirar das normas internas. "Viviane contou que a perseguição começou antes da sua demissão e se deve ao bom relacionamento profissional que tinha com a ex-gerente-geral. [Ela] questionou o fato de a atual gestora ser esposa do gerente geral da Inspetoria, classificando a situação como um conflito de interesses que contraria as normas do Bradesco, já que ele é o responsável pela fiscalização das agências, inclusive a de Elizabeth", diz um trecho da reportagem.

Esse tipo de tratamento dispensado aos funcionários se estende ao público em geral. Quem aqui não tem reclamações a fazer a respeito do atendimento bancário? Os serviços prestados são de uma qualidade tão sofrível que recentemente um banco desenvolveu uma campanha de mídia que diz simplesmente o seguinte: "Unibanco, nem parece banco".
O lucro crescente das corporações financeiras é a total subversão de qualquer valor ético que se pretenda alcançar, sobretudo num país tão desigual quanto o Brasil. Essa situação só pode prosseguir porque é tolerada pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda. Seus dirigentes sofrem pressão dos assassinos econômicos? Claro que devem sofrer. E como o povo não faz pressão suficiente, a corda arrebenta do lado mais fraco. Sugestão de leitura sobre o tema: "Confissões de um assassino econômico" (John Perkins, editora Cultrix).

Segundo o insuspeito FMI, o crime organizado movimenta US$ 750 bilhões por ano, sendo US$ 500 bilhões gerados pelo narcotráfico. De acordo com Jean Ziegler, no livro "A Suíça lava mais branco" (Editora Brasiliense), o dinheiro do tráfico de drogas e de armas é lavado justamente nas instituições financeiras - verdadeiras responsáveis, portanto, pelas matanças que ocorrem nas disputas por bocas de fumo nas periferias de todo o mundo. Nesse sentido, como esquecer a pergunta de Bertolt Brecht: o que é assaltar um banco comparado a fundar um banco? Enquanto pensam na resposta, os homens do governo poderiam trabalhar para regulamentar o artigo 153 da Constituição, que em seu inciso VII determina a cobrança de imposto sobre as grandes fortunas.

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