Aproxima-se o dia de
completar 10 anos em sala de aula, e essa quarta – feira, com estudantes
sedentos por conhecimentos, me fortaleceram ainda mais para continuar caminhando
e lutando por um OUTRO MUNDO POSSÍVEL. POR UMA OUTRA EDUCAÇÃO POSSÍVEL.
Quarta – feira, dia
04-04 de 2012, sempre as quartas, esse ano, as aulas no Projeto de Educação
Comunitária Integrar é assim, tudo começa com um boa noite de estrarlar as
paredes, correspondido, às vezes, pelos estudantes trabalhadores, com exceção
da sala 2 que está num pique fenomenal nas aulas, e sempre com os pulmões
cheios para dar um boa noite daqueles. Obrigado por essa recepção calorosa.
Em sala de aula, o
professor tem um papel fundamental na formação dos seres humanos, que fazem
todo dia intervenções na sociedade, porém a forma que fazem, muitas vezes não
corresponde com os princípios dos seres humanos, de respeita à vida de todos.
Assim o papel do professor é desafiador, não é o de dar respostas, é o de ensinar
a fazer perguntas, de estimular os estudantes a falarem, falarem e falarem, de
terem suas próprias ideias, para desenvolverem seus próprios argumentos. Isso
tem acontecido em mais um início de ano no Projeto Integrar.
Aos que já foram meus
estudantes, já me conhecem! conhecem a metodologia, as articulações das ideias,
o quadro “legível” com “esquemas organizados”, pensado com a finalidade de
melhor compreendermos a lógica da formação e estruturação da nossa sociedade. Aos
estudantes novos, suas caras são de espanto! Ficam se questionando (que loucura
é essa), muitos até duvidam que estão dentro de uma sala de aula, estão
fechados no seus mundinhos individualistas, que não conseguem ver o diferente.
Gostaria de alertá-los, que os mais certos nessa sociedade do egoísmo são os
errados, os que ainda tem as mentes abertas para pensar o novo.
A universidade é um exemplo disso,
carece desses seres humanos pensantes. A grande maioria é mero repetidor de professor,
mero escrevinhador de cadernos, ou mero leitor de cópias de partes do livro.
São poucos os que causam e são a diferença na Universidade. No Projeto
Integrar, estamos construindo uma Gestão Estudantil dentro da Universidade,
para podermos participar e garantir além do acesso dos estudantes trabalhadores
a sua permanência, na qual é muito difícil, devido aos altos custos.
Os acontecimentos desta
quarta feira, em muito me alegraram, tivemos a participação da Luciana,
estudante de ciências sociais na UFSC, participante do Projeto Integrar na
Gestão Estudantil Universitária – e cheia de ideias revolucionárias, conduzimos
o debate das ideias junto com os estudantes.
Foi proposto aos
estudantes de todas as salas uma pergunta inicial para iniciarmos os debates,
problematizando e interpretando nossa sociedade. Na sala 1, tivemos um
excelente debate iniciado pelo estudante Clainton, que questionou sobre a
liberdade de expressão, se havia ou não, a partir desta questão, fomos
construindo os argumentos e compreendendo como vivemos hoje em nosso país.
Na Sala 3, não foi
diferente, com um debate acalorado, a partir de dois questionamentos, um acerca
dos investimentos na educação de um país subdesenvolvido como o Brasil –
pergunta feita pela estudante Silvia, e o outro sobre a problemática do Oriente
Médio – pergunta feita pela estudante Daniela, principalmente o caso do Egito e
suas políticas macro econômicas. Muitas ideias, das quais pouquíssimas eu
concordo, mas, o importante nesse momento é que elas sejam faladas, pois vamos
ao longo do ano desenvolvendo nossa arguição. Nos falta e muito leitura, e
categorias para analisar a realidade, tanto brasileira como mundial. O que se
viu nos argumentos, fui muito um repeteco do que se vê na TV, nos jornais
impressos e no face, sem compreensão do processo histórico, ficando uma análise
rasa.
Para fechar a noite, na
sala 2, o debate pegou fogo na sala, com inúmeros questionamentos, perguntas,
dúvidas, curiosidades. ASSIM É GOSTOSO DEMAIS DE DAR AULA. Primeiro
questionamento foi feito pelo estudante Jeferson Fernandes, sobre o Wikileads e
a sociedade da informação, o segundo questionamento foi feito pela estudante Jainara,
foi uma pergunta ousada, corajosa, de quem está ali muito a fim de aprender, de
construir, cheia de curiosidades, e com ideias aflorando. Muito bem, a pergunta
foi mais ou menos assim: “porque você (kleicer) dá aula desta forma”. Desde já
muito obrigado Jainara pela pergunta. A resposta fica com aqueles que
participaram desde momento histórico, de mais uma aula realizada com muito êxito.
Sobre a aula, a
estudante Gabrielli Beuter comentou o seguinte: “AULA que
presta mesmo não precisa ser anotada no caderno.. ta tudo na mente... pra que
caderno né?? quem sabe de verdade entende o que ta no quadro!”
Foi um aquecimento,
quando mais os estudantes participarem, mais vão aprender a desenvolverem suas
ideias próprias.
Gostaria de registrar
também a participação do estudante Carlos Augusto, participante da Gestão Estudantil
do Projeto Integrar, estudante de Educação Física.
Sejam bem vindos todos
e todas à participar dos debates. Valeu Galera. Hasta La Victória Siempre. VIVA
CHE.
FOTO by Gabrielli
Beuter
Kleicer Cardoso Rocha - 05-04-2012.
Educador.
2 comentários:
Ótima aula, ajuda a abrir nossas mentes, e quebra o ritmo imposto pelas ciências "exatas" que forçam nossos cérebros a se fecharem em seu mundinho de cálculo, soma, divide, multiplica... Como nosso dia a dia; estamos tão ocupados, trabalhando, estudando, dormindo, comendo, que somos impulsionados a não pensar, como é de interesse àqueles que estão no poder. Muito obrigado professor. Confesso que fiquei um pouco assustado com sua maneira de dar aula,(por ser diferente) e acanhado por isso, mas vou tentar falar mais na próxima aula.
Professor Kleicer,
vou fazer jus a minha pessoa, de sempre utilizar a escrita, mais do que a fala.
Queria comentar sobre o que a aluna Gabrielli Beuter comentou em sua aula, deixando claro, que concordo em parte, que o aluno que sabe, sabe e pronto, não precisa de anotações no caderno, tá tudo na mente. O aluno que sabe, entende o que se está falando ali na frente, ele já tem conhecimento do assunto, e se ainda não o tem, o mesmo passa a conhecer, a concordar e discordar, mesmo que não levante a voz durante as aulas.
Creio que alguns alunos pensam da mesma forma que a Gabrielli, só que tem um porém... a meta de cada um dos alunos, é passar no vestibular, e isso nos 'obriga' a estudar mais, a anotar, a ouvir, pois numa prova de vestibular, não vão levar em conta, creio eu, sobre o que pensamos, por muitas vezes pensarmos diferente, se encontrarmos alguma discursiva, nos afirmando algo, e não formos repetidores de ideias, e acabar discordando, acredito que não levaríamos pontos, o pensar diferente, durante a prova, nem sempre nos leva pra universidade, infelizmente, porque se assim fosse, as universidades teriam alunos de cabeça mais aberta, que estão prontos para argumentar professores em sala de aula.
Integrar, sala 1.
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